terça-feira, junho 21, 2005

XIII

Um acidente de mota de agua?

Como era possível não me lembrar sequer que tinha uma mota de agua, ou mesmo que sabia conduzir uma… Será que continuava a alucinar naquele sonho sem nexo… Tinha que me manter alerta, ditar as minhas células cerebrais que não saíssem da realidade. Mas pensando bem, de que raio de realidade estaria eu a fugir? Teria algo de terrível na minha vida, seria eu tão terrível que me quisesse esconder dentro do meu casulo? Cada vez mais me doía a cabeça, pensar doía, olhar doía, mexer doía, então voltei a desmaiar. Desmaiei e voltei a mergulhar na minha mente! Enquanto percorria o meu cérebro a procura da minha memória, só via grandes gavetas, gavetas enormes de uma madeira exótica qualquer, pesadas, cheias. Eram onde arrumava tudo o que por aquelas estradas de sinapses passava. Tinha imensas gavetas todas etiquetadas, (não fazia ideia de ser tão organizado…), adversidade, bem, coragem, crítica, deus, dinheiro, educação, erros, esperança, exemplos, êxito, fé, felicidade, generosidade, humildade, ideais, inteligências, justiça, morte, palavra, paz, personalidade, sacrifício, sexo, tempo, trabalho, virtudes, sentimentos! Inspirei fundo e ganhei coragem para abrir a gaveta dos sentimentos, na verdade abria-a porque era a que me parecia a mais pesada, tinha vários arquivos: Alegria, Amizade, Amor, Sofrimento, Temperança, etc. Tive medo de ler estes arquivos e me lembrar de tudo o que poderia ter perdido, sim, porque no fundo sabia que algo terrível acontecera e que aquele beco escuro, no fundinho da minha mente, cada vez se aproximava mais, como se crescesse de cada vez que vasculhava o meu arquivo.

Acordei, e aquelas gavetas tão organizadas não me saíam da imagem, e aquela mancha de crude a invadi-las. Mas afinal o que teria acontecido, quem era eu na verdade, na minha verdade! Tentei levantar-me, mas estava zonzo, olhei para a minha mão e um tubo com uma coisa cor-de-rosa estava ligado e a penetrar-me a pele. Esperei que alguém aparecesse, e comecei a imaginar o que dizer, iria confrontá-los, encosta-los a parede: Afinal o que faço aqui? O que me aconteceu? Eu numa mota de agua? Exijo explicações…?

O tempo parecia não passar, berros ouviam-se ao fundo, pessoas a correr, gritos de choro abafado durante eternidades que saíam estridentes…

Abriu-se a porta branca no fundo de um corredor pequeno que dava para o meu quarto igualmente branco, onde estava deitado numa cama com lençóis igualmente brancos, enfim tudo a minha volta era branco, como se estivesse envolto em luz, entrou uma enfermeira veio até mim e antes que pudesse confronta-la, enfim dizer tudo o que tinha ensaiado, pegou na caixinha azul e espetou-ma nas mãos!

A caixinha azul!!! Afinal existia mesmo!!

As minhas mãos tremiam, o que iria encontrar lá dentro, quem era afinal este corpo em que a minha alma estava aprisionada? E o sentimento de ter acontecido algo de tão terrível na minha vida! Abri a caixa!

3 Comments:

Blogger Tanregina said...

sorry a inspiração não era muita, mas como tinha prometido e nunca falho uma promessa... pa proxima aplico-me mais...
:P

terça-feira, junho 21, 2005 9:13:00 da tarde  
Blogger ana do ar said...

ÓH YÉAH!!!
ta muito fixe, mesmo muito! Finalmente mais uma gaja a postar! Finalmente alguém novo a postar! E que bem que está, por sinal!... Sim senhora, gostei muito, agora é a continuar... Tou mesmo com curiosidade pa saber quem é onosso "crominho"!
:P

bjocas e já agora, bem vinda Regina!!!

terça-feira, junho 21, 2005 9:36:00 da tarde  
Blogger Tiago Taxa said...

CUIDADO

muito bom mesmo...

foi uma lufada de ar fresco ver alguém novo a comentar...

eu nao tenho escrito...ando artisticamente por baixo...

enfim

muito bom ;D

quarta-feira, junho 22, 2005 12:49:00 da manhã  

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