quinta-feira, maio 05, 2005

III

O fulgor do astro rei já não parecia dourado. O tão familiar som das ondas a encontrarem a areia, era agora como o ribombar de canhões irados.
-Papá... PAPÁ...
Pela derradeira vez o cansado velho deitou os olhos à fronte do seu primogénito.
-Estou feliz... És tu quem me abre a porta para o outro lado...
Foram estas as últimas palavras que os rugosos lábios do ancião deixaram lânguidamente escorregar.
O sal das lágrimas funde-se com o sal das águas marinhas. Uma sirene estridente fere o lúgubre silêncio. Nada a fazer. Já as rugas no seu rosto pareciam feições esculpidas a cinzel em cinzento mármore.
Que sádica ironia tinha a minha existência. Tinha eu, finalmente retornado a casa apenas para testemunhar a morte de meu pai.
-E agora?- pensei - E agora o quê?
Lembro-me de começar a correr...

3 Comments:

Blogger Tiago Taxa said...

não exijam muito de mim...fiz isto depois de estudar matemática à uma e meia da manhã... da próxima faço melhor...

quinta-feira, maio 05, 2005 1:28:00 da manhã  
Blogger Q said...

está EXCELENTE!!! Ainda vamos ganhar dinheiro com isto :P

quinta-feira, maio 05, 2005 1:56:00 da manhã  
Blogger ana do ar said...

meu geniosinho intelectualoide..trata mas é essa gripe agora...

almo te

quinta-feira, maio 05, 2005 10:43:00 da manhã  

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